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Vivendo, aprendendo hoje, amanhã e sempre

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(Foto: Daniela Parkuts)

(Foto: Daniela Parkuts)

O despertador toca. Sete da manhã, hora de levantar ainda na cama num pequeno e aconchegante quarto, estica-se preguiçosamente até o relógio para desligá-lo. Ao mesmo tempo em que desperta, os pensamentos começam a invadir sua mente.

Ao levantar com os olhos semiabertos, direciona-se até o banheiro aos tropeços, para lavar o rosto. Começa a calcular o dia longo que virá pela frente, pensando consigo sobre os problemas que terá de encarar.

- Mais um dia chato como os outros.

Caminha até o quarto para trocar de roupa, abre o armário, sem muito pensar se combinaria ou não, veste uma blusa de frio qualquer e uma calça, pois a vaidade nunca foi seu forte.

Lembrando daquele sorriso e tentando compreender o motivo de tanta felicidade, guardou-o como um exemplo a ser seguido

Embora lhe faltasse tempo, toma um café da manhã apressado, pega a bolsa e sai rapidamente até o ponto. Ao chegar encontra uma mulher, alta de cabelos longos. Assim que a vê o cumprimenta com um bom dia e um meio forçado sorriso no rosto. Enquanto pensa:

- O que tem de bom?

Ao mesmo tempo, com a preocupação da resposta que terá, após perguntar se o ônibus já passou:

- Sim, acabou de passar, responde.

-Droga! Como se não bastasse ainda vou levar bronca por chegar atrasada.

Aguarda ansiosamente o próximo ônibus, imaginando a correria que será no escritório. Ainda durante a viagem, observa tudo que passa ao seu redor, mas sem se atentar aos detalhes. Quando se dá conta já chegou ao seu destino.

Logo cedo, o telefone toca sem parar. Durante o expediente, entre uma atividade e  outra, não resiste ao olhar para o relógio de  vez em quando, contando as horas.

No final, encontra um único motivo para sorrir:

-Hora de ir embora!

Como de costume, sempre passa na padaria antes de ir para casa, e todos os dias no mesmo horário repara uma velhinha baixinha, que a encara com um sorriso radiante no rosto. Mas não era um sorriso qualquer, imagina que por trás daquela expressão há muitos problemas, apesar de nunca ter trocado palavra com ela. Supõe que pela cabeça raspada deve ser câncer.

Naquele mesmo dia, sem querer, a velha senhora derruba sua bolsinha de moedas. Rapidamente a jovem se abaixa e apanha para devolve-la:

- Obrigada querida, mora aqui por perto?

- Sim, logo ali na esquina.

As duas ficam conversando e se conhecendo, ela diz o seu nome e que adorou conhecer a jovem, que, por sua vez fica muito feliz por isso, pois dificilmente conversa com estranhos. Por fim, diz que tem de ir, mas que adoraria revê-la e que ela lembrava sua avó. Enquanto aguarda uma simples despedida e um até logo, surpreende-se ao saber que seria a última vez que a veria, pois como previa estava doente, em estágio terminal.

Passou a noite toda lembrando daquele sorriso e tentando compreender o motivo de tanta felicidade, guardou-o como um exemplo a ser seguido. Foi o que a ajudou a despertar para a vida e aprender a vive-la.


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