
Cena do vídeo do linchamento, publicado pelo site G1.com (Imagem: Reprodução)
No dia 5 de maio a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33, morreu após ser agredida por populares em Guarujá, no Estado de São Paulo. O motivo das agressões foram boatos divulgados em uma rede social, dando conta de que ela seria uma sequestradora de crianças.
O fato foi amplamente divulgado pelos principais sites de notícias, TV e jornais. Como o G1, que ocupa a sexta posição de sites mais acessados, segundo dados divulgados pelo Alexa Internet, (um serviço que mede a quantidade de usuários que visitam um site), R7, Veja.com.
G1 mostra sem filtros Fabiane Maria de Jesus sendo espancada a pauladas e arrastada por moradores
O que chama a atenção não é simplesmente o acontecido, pois segundo o Art 3º Cap I do Código de Ética do Jornalista, a “a informação divulgada pelos meios de comunicação pública se pautará pela real ocorrência dos fatos e terá por finalidade o interesse social e coletivo.” Alguns veículos de comunicação tiveram o cuidado de editar o vídeo de linchamento levando ao público apenas cenas que explicassem o ato de violência . No entanto, um vídeo de 1 minuto e 29 segundos, que estampa reportagem publicada pelo site G1 mostra sem filtros Fabiane Maria de Jesus sendo espancada a pauladas e arrastada por moradores. Com o título “Advogado divulga novas imagens do espancamento de mulher em Guarujá”, fica a pergunta: Qual a necessidade de divulgar esse tipo de violência, que vai além do simples ato de levar a sociedade ao conhecimento dos fatos?
A sombra do sensacionalismo ainda permanece. O que mais importa hoje para muitos veículos de comunicação é a busca por mais acessos, já que esse tipo de reportagem é o que mais chama a atenção do público, especialmente daqueles que se interessam pelo noticiário popular policial.
É preciso que o jornalista tome cuidado com a maneira como leva a informação ao público. Ele tem de honrar o posto que ocupa, já que a mídia ainda é considerada o quarto poder e tem grande influência na sociedade.
Diante disso, a informação deve ser apurada com qualidade, sem ultrapassar limites que, indiretamente, incitam o público à violência. O propósito da notícia ainda deve ser o de levar a informação que permita análise e tomada de decisão, mas isso é prorrogativa dos cidadãos e não da imprensa.